Qual o verdadeiro sonho de todo herói? Do quê um herói precisa abrir mão para proteger sua família, amigos, sua comunidade? Relacionamento, filhos, amizades, uma vida em segredo e quase sempre privada dos benefícios que uma pessoa comum teria…e essa mistura de destino e sentimentos é intensificada quando acompanhamos toda a jornada do herói, caso de Clark Kent em Smallville.
Durante 10 anos e 217 episódios acompanhamos as aventuras do então “Superboy” em Smallville, ou Pequenópolis caso você tenha acompanhado a versão dublada exibida nas manhãs de domingo pelo SBT.
Smallville NUNCA foi sobre o poderoso alienígena de Krypton, longe disso. A série quase novelesca sempre tratou de abordar a difícil vida de Clark, o jovem desencaixado e cheio de segredos sobre sua real identidade.
Foi Smallville que popularizou a imagem de Lana Lang como o primeiro amor de Clark e Lex como seu grande amigo na juventude. A série soube desenvolver as nuances da personalidade do jovem Kriptoniano como nenhuma outra. Se faltava orçamento e tecnologia para uma trama cheia de CGI, voos e explosões, os roteiristas compensavam com tramas que se estendiam ao longo da temporada, aliada a uma trilha sonora marcante e o carisma de Tom Welling.
E talvez isso tenha marcado negativamente parte dos fãs. Tom Welling encaixava-se tão bem no papel que todos aguardavam por sua aparição como O Homem de Aço, sem se dar conta que puderam presenciar a criação do Superman bondoso e inspirador das HQs.
Com a confirmação da volta de Tom para uma participação no crossover Crise nas Infinitas Terras do canal CW, todos imaginaram que finalmente poderiam ver o ator interpretando o maior super-herói da DC com toda a pompa e efeitos visuais que as atuais produções ostentam.
Mas não foi bem assim, em uma cena de pouco mais de quatro minutos pudemos ter um vislumbre do que aconteceu a Clark desde o final de Smallville, em 2011. As manchetes de jornais na parede mostram que Clark tornou-se sim o Superman que conhecemos e ficou na ativa por anos, salvou a cidade, salvou o mundo e resolveu abdicar de seus poderes para viver como Clark Kent, o filho de fazendeiros que durante uma década podemos acompanhar todos os passos.
Para quem esperava ver o ator salvar o multiverso, é preciso lembrar que este especial de cinco horas ainda é sobre os heróis atuais do canal e não sobre Smallville, não seria justo com Arrow e as demais séries, e nem mesmo com Smallville.
A participação de Tom e Erica Durance (Lois Lane) aquece o coração dos antigos fãs da série e encerra de maneira poética uma série que nos ensinou sim que o homem poderia voar, mas também poderia amar, servir de ombro amigo, ajudar os pais…como um homem “comum”.
Em apenas quatro minutos, Crise nas Infinitas Terras foi extremamente feliz ao mostrar aquilo que vemos semanalmente nas séries desse universo, nem sempre o super significa ter poderes e no final, a nossa humanidade e a bondade de nossos corações serão sempre as maiores armas contra qualquer dificuldade que venhamos a enfrentar.
Se a Warner Bros. e a DC não sabem o que fazer com o Superman nos cinemas, basta olhar para trás, olhar para as pessoas inspiradas por este símbolo, pelo respeito que este personagem nutre pelos humanos.
Afinal, existe algo mais heróico do que trabalhar honesta e arduamente para sustentar sua família e ainda encontrar tempo para cuidar e brincar com os filhos?
E quanto a Clark, foi bom te ver velho amigo!
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