300 mil vidas perdidas, esse é o saldo até aqui da péssima condução do governo brasileiro em 1 ano de pandemia do Covid-19, a maior crise sanitária dos últimos 100 anos, que foi e é tratada pela maior autoridade do país como uma mera “gripezinha”.
O sincero desprezo pela vida alheia não é novidade na carreira do atual presidente Jair Messias Bolsonaro, basta uma rápida busca pela internet para encontrar vídeos e reportagens em que o, então deputado, zomba de mulheres, destila homofobia e defende a morte de “uns 30 mil aí”.
Quando recolhido à insignificância de seu cargo como deputado, ainda que com o salário pago através do bolso dos contribuintes, Jair Messias Bolsonaro era apenas “mais um” entre as centenas de políticos que pouco ou nada fazem por seus eleitores. Mas alçado ao cargo de líder da nação, era esperado, que diante da maior crise sanitária do último século, o mandatário da nação se humanizasse mais com as vidas perdidas do que com as vidraças quebradas, era esperado que como um líder ainda inexperiente falasse menos e ouvisse mais. Ouvisse a ciência, ouvisse as dezenas de médicos, infectologistas e epidemiologistas que mundo afora recomendavam ações para que a população não ficasse às mínguas com a perda de vidas e de poderio econômico.
Em vez disso, o mandatário da nação brasileira se dispôs a zombar das recomendações científicas, promoveu aglomerações, foi contra o uso de máscaras e a todo instante falou contra prefeitos e governadores que tentavam fazer o básico para salvar vidas.
Se a preocupação de Bolsonaro era salvar a economia, ele também falhou miseravelmente, nesse quesito. Embora a pandemia de Covid-19 tenha afetado todo o mundo, hoje o Real é a moeda mais desvalorizada do planeta (US$ 1 equivale a quase R$ 6), as empresas fecham na mesma velocidade em que empilhamos corpos de nossos amigos e familiares. Além disso, se a proposta do governo federal e seu ministro da economia “liberal” era de intervir o mínimo nos aspectos econômicos, não faz qualquer sentido abrir mão do cuidado básico com a saúde de milhões de pessoas, afinal, sem elas, não existe mercado consumidor, não existem trabalhadores, não existe produção. Toda economia de todo país é feita de riquezas (naturais, industriais, de serviços), mas não podemos nunca nos esquecer de que quem produz a riqueza são as pessoas, e nesse momento são elas (nós) que precisam de cuidado.
A única “solução” que o senhor Jair Messias Bolsonaro propôs até o momento é que sigamos todos as nossas vidas sem restrições e “morra quem tiver que morrer”, afinal a economia não pode parar. E isso, lembramos, vem de um governo que se autodeclara defensor da vida (só das “pessoas de bem”, claro) e que se choca com um caso de aborto de uma menina de 10 anos violentada por um familiar (mas também não faz nada para reverter situações como essa), mas que diante de recordes de mortes todos os dias tem como resposta apenas “E daí?”. Repetindo: será que um país com milhões de pessoas doentes tem condições de fazer girar uma economia já abatida por sucessivos anos de crise? Se continuar essa postura, não vamos salvar nem uma coisa nem outra.
Não bastassem a negação a ciência e o fracasso em salvar a economia, o presidente assumiu para si a função de falso médico da nação, prescrevendo um falso tratamento precoce, com medicamentos que provaram-se CIENTIFICAMENTE incapazes de combater a Covid-19, levando pessoas para a fila de transplante de fígado e à morte após o irresponsável uso do “kit Covid”.
Que fique claro que não consideramos Jair Messias Bolsonaro o único culpado por tantas mortes na pandemia, a maioria dos deputados e senadores tem suas mãos manchadas com o mesmo sangue dos mais de 300 mil brasileiros que já perderam a vida. Quando esses senhores preferem escolher a inércia ao invés de enfrentar os causadores de tamanha crise, devem saber que, em algum momento, a culpa recairá também sobre seus gabinetes inchados com inúmeros funcionários e penduricalhos que fazem o brasileiro sangrar há anos.
“Não podemos mais pagar auxílio-emergencial ou o Brasil quebra”, bradam ministros, políticos e todo tipo de gente que é sustentado há décadas pelo povo brasileiro, povo que em sua grande maioria nunca se deu ao luxo de comprar um paletó, mas paga pelo auxílio-paletó de centenas de políticos.
Já não há mais de onde tirar apoio moral para os profissionais que enfrentam essa crise na linha de frente em hospitais, supermercados, serviços de delivery e outros, a eles resta apenas nosso eterno agradecimento.
Vivemos uma realidade oposta a de todo o resto do planeta, que veem seus números de óbitos caírem dia após dia com campanhas de vacinação em massa. O Brasil, que já foi referência mundial para vacinação de sua população, agora vê os funcionários de apenas dois institutos científicos (Butantan e Fiocruz) trabalharem de maneira quase ininterrupta para darem conta de produzir vacinas para toda a população, um sacrifício que poderia ter sido abrandado, não fossem as recusas do presidente brasileiro em adquirir vacinas de maneira antecipada, como os demais países fizeram.
A população brasileira equivale a 2,7% da população mundial, mas hoje o país representa mais de 30% das mortes por Covid-19 em todo o mundo. Já não há histórico de atleta ou kits de vermífugos milagrosos que salvem os brasileiros, a Covid-19 já deixou de ser uma “gripezinha” há muito tempo e apenas lunáticos, boçais e negacionistas insistem nessa narrativa falsa, criminosa e genocida.
A história julgará aqueles que contribuíram para esse estado caótico que vivemos, mas o presente exige que as autoridades competentes façam o possível e o impossível para vacinar a população e promover ações que visem a preservar a vida dos brasileiros, sem deixá-los a mercê da falência, fome e miséria. Os brasileiros já sustentaram a classe política por muito tempo, é hora de voltarem seus olhos para fora de seus gabinetes e encararem a realidade de milhões de pessoas que sofrem, choram e têm fome, diariamente.
Como um site que busca informar e levar entretenimento para nossos seguidores, nos solidarizamos com as famílias que perderam seus entes queridos e com aqueles que viram seus negócios ruírem em meio à péssima condução dessa crise. O nosso setor está em crise, as salas de cinemas foram os primeiros estabelecimentos comerciais do país a fecharem suas portas, os eventos cessaram, milhares de pessoas do setor cultural perderam sua fonte de renda por culpa do negacionismo alheio, vemos outros países voltarem à rotina normal enquanto batemos recordes de óbitos diariamente.
Sabemos que não temos o alcance dos grandes sites e canais, mas isso não é motivo para nos calarmos, não é uma escolha muito difícil. Como diria Dumbledore, “são as nossas escolhas que revelam o que realmente somos, muito mais do que as nossas qualidades.”
Douglas Rodrigo Ferraz – Fundador do site Coletivo Nerd
Carlos Eduardo de Freitas
Vivian Yoshie Martins Morizono
Andrei Perandré
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