Passado alguns dias da estreia de Capitã Marvel e já tendo ultrapassado a marca de US$ 1 bilhão na bilheteria, é seguro afirmar que a personagem terá vida longa no Universo Cinematográfico Marvel.
Mais de dez anos após o início do universo cinematográfico Marvel, Capitã Marvel chegou aos cinemas com o posto de super-heroína mais poderosa da Marvel, não só pelo fato de ser o primeiro filme de uma personagem feminina do Marvel Studios mas também por ser aquela que poderá equilibrar a balança na batalha entre os Vingadores e Thanos.
A necessidade de apresentar a personagem em um filme solo antes de se unir aos demais heróis e a responsabilidade sobre ela prejudicam (e muito) o desenvolvimento de um filme que poderia ser um marco, assim como foi Homem de Ferro em 2008.
A trama nos apresenta “Vers” (Brie Larson), uma heroína da raça alienígena Kree e integrante da tropa Starforce, a personagem sofre com a perda de sua memória e os flashes de uma vida passada que a assombra através de seus sonhos. Em meio a guerra entre as raças Kree e Skrulls, alienígenas transmorfos capazes de se transformarem em qualquer ser, a heroína vai parar na Terra, onde acaba se reconectando com seu passado e descobrindo mais sobre si mesma.
O início do filme soa meio modorrento e a história engata de verdade após a chegada à Terra. É quando entra em cena Samuel L. Jackson e seu jovem Nick Fury, elevando e tornando-se o fio condutor da trama que irá desvendar os mistérios sobre Carol, para que a heroína possa dar um fim a essa guerra.
A dupla de diretores Anna Boden e Ryan Fleck opta por criar um filme de origem baseado em flashbacks, e embora as cenas sirvam para mostrar que desde criança homens tentaram dizer a Carol o que ela não poderia fazer, o impacto emocional se perde quando a heroína se levanta devido a exploração dessas imagens nos trailers. Há indícios de um relacionamento paterno complicado que fica explícito, porém isso é deixado de lado quando poderia ser melhor explorado para mostrar a superação de Carol em relação a isso, já que muitas vezes o machismo é praticado dentro da própria casa.
Por ser uma personagem poderosa desde o início, quando Capitã Marvel ultrapassa seus limites e descobre novos poderes o impacto emocional é inexistente, não há surpresa e não há antagonista que sobrepuje sua força. O que resta são cenas de ação recompensadas com um ótimo CGI e personagens secundários irrelevantes, com exceção de Nick Fury e Talos (Ben Mendelsohn), líder da raça Skrull.
Enquanto somos apresentados a um jovem Nick Fury (num primoroso trabalho de rejuvenescimento de Samuel L. Jackson) que serve como alívio cômico para o filme (e isso funciona muito bem), Talos acaba por ser o personagem com a maior carga emocional do filme justificando suas ações e entregando à Carol a razão para que ela se torne enfim, a heroína que estava destinada a ser.
Depois de 11 anos e mais de 20 filmes, esperava-se que Capitã Marvel fosse épico ao apresentar a maior super-heroína da Marvel, mas acaba por se tornar um filme corrido e refém do excesso de informações, em um trabalho prejudicado pela falta de ousadia, fraca direção e rasa construção de relacionamentos.
O filme é marcado pela abertura inicial que levará os fãs as lágrimas antes mesmo das consequências de Vingadores: Ultimato, onde a Capitã Marvel poderá ser melhor desenvolvida, tal qual Doutor Estranho em Vingadores: Guerra Infinita.
Mais alto, mais longe e mais veloz, Carol!
[rwp-reviewer-rating-stars id=”0″]
Deixe um comentário