Bohemian Rhapsody é uma cinebiografia que chega aos cinemas e poderia ser marcada pelas polêmicas de um dos maiores artistas de todos os tempos, mas ao contrário disso, chega marcada pelas polêmicas em sua produção. Desde a saída de Sacha Baron Cohen que seria o protagonista, por “diferenças criativas” com a banda e produção até a demissão do diretor Bryan Singer em dezembro de 2017 por problemas com Rami Malek e conduta antiética nos bastidores da produção. Dexter Fletcher assumiu a direção do filme, e as gravações se encerraram em janeiro de 2018.
Apesar da curiosidade em imaginar o que Sacha Baron Cohen poderia fazer como Freddie Mercury, é preciso deixar claro que Rami Malek não deixa a desejar e sem sua presença o filme passaria batido, tamanho o comprometimento e entrega do ator que incorpora trejeitos e a personalidade de Mercury.
Embora Bohemian Rhapsody trate da ascensão do Queen como um todo, o carisma dos atores coadjuvantes contribui para a criação da áurea em torno de Malek como a grande estrela e responsável pela criação da banda, algo que pode não ser real mas é utilizado como mecanismo de andamento da história.
A caracterização de Ben Hardy, Joseph Mazzello e Gwilym Lee como Roger Taylor, John Deacon e Brian May é extremamente convincente. Aliás, percebe-se que a produção preocupou-se em reproduzir fielmente não só as características físicas e figurino dos astros, mas também situações de show como por exemplo, a disposição dos copos de cerveja e latas de refrigerante em cima do piano no show do Live Aid.
Se o trabalho de caracterização e ambientação é bem feito, o trabalho histórico deixa a desejar. Embora abençoada pelos demais membros da banda, a cinebiografia de Mercury comete falhas cronológicas que incomodará os fãs mais fiéis, a começar pela histórica apresentação de “Love of my life” do Rock in Rio de 1985 que no filme é colocado no final dos anos 70, artifício utilizado para ligar a música à Mary Austin (Lucy Boynton), o primeiro grande amor de Mercury.
É necessário também tranquilizar os fãs receosos que a sexualidade de Mercury não fosse abordada no filme para a conquista de um público mais amplo e “tradicional”, beijos e carícias do astro com outros homens são retratados da maneira mais natural possível. O que é abrandado no filme é seu envolvimento com drogas, aí sim pensado comercialmente para abocanhar públicos mais jovens e não receber uma classificação indicativa para maiores.
Bohemian Rhapsody consegue temporizar diversos períodos da vida de Mercury, de seu surgimento à queda e à derradeira ascensão que imortalizou seu nome como um dos maiores artistas da história, porém a obra abre mão de ser algo maior optando por uma fórmula já adotada em outras cinebiografias que encaixam o filme como mais um blockbuster biográfico que é lançado anualmente.
Por fim, Bohemian Rhapsody é um clipe de 2 horas em que o roteiro simplório não impede de mostrar a atemporalidade de Freddie Mercury. Freddie Mercury merecia mais, afinal, só há lugar para um Queen histérico na história da música.
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