Este post pode conter spoilers da sexta temporada de Arrow!
Se existe algo que Arrow nos ensinou após seis temporadas, é que a série ainda pode se reinventar e surpreender. A série que se iniciou como algo mais verossímil e influenciada pela trilogia Cavaleiro das Trevas entregou duas ótimas primeiras temporadas, sofrendo uma brusca queda na qualidade nas duas temporadas seguintes por conta da drástica mudança de estilo da série, ao incorporar meta-humanos, elementos místicos e super-poderes. Logo a série que batizou o universo televisivo da DC Comics, o chamado Arrowverse, foi vítima das pretensões e objetivos desse universo compartilhado, como diria certo personagem, um “mal necessário”.
Era preciso resgatar a essência da série e do personagem, para que o público pudesse dar um novo voto de confiança a ambos. E isso se iniciou na quinta temporada com a inserção de Prometheus, um antagonista que infiltrou-se nas entranhas de Star City através de sua identidade civil, levando o nosso herói a seu limite e estendeu-se pela sexta temporada com um novo antagonista, com origens no submundo de Star City, mas que foi dar o ar da graça somente no meio da temporada.
Se o início da temporada entregou um antagonista que estava sempre um passo a frente do “time Arrow”, o final da temporada nos presenteia com um antagonista que está sempre dois ou três passos a frente do time de heróis. Iniciamos a sexta temporada com Cayden James (Michael Emerson), um vilão de linguajar fino e fala suave cujas ações são meticulosamente pensadas para encurralar o prefeito Oliver Queen, convicto de que para ter o amor e confiança do filho teria que abdicar do arco e capuz, passando a responsabilidade a John Diggle (David Ramsey).
Enquanto Oliver Queen conquistava a confiança do filho, o Arqueiro Verde perdia a confiança de seus parceiros com atitudes que viriam a rachar a equipe definitivamente. Tudo por influência da trama orquestrada por Cayden James e seus asseclas, que da maneira que foram apresentados no midseason, caíram como uma verdadeira “legião do mal” para nossos vigilantes, quebrando-os um a um, tanto física como emocionalmente.
Talvez mais claro até do que na segunda temporada, o tema família, em especial a paternidade, tenha sido o fio que conduziu toda a trama durante os vinte e três episódios. Da aproximação de Oliver e Willian, da vingança de Cayden James, da responsabilidade de Rene, do vazio deixado por Laurel, a paternidade esteve presente em todos os momentos servindo como argumento emotivo para a maioria dos personagens, de vingança a reconciliação.
Em dado momento, Diggle diz a Oliver que dividir sua atenção entre sua família e ser o vigilante o enfraquecia e tirava seu foco. Isso não vale apenas para Oliver, pois é exatamente o fato de não conseguir vingar a morte de seu filho que faz Cayden sair de cena para a entrada de Ricardo Diaz, o grande vilão da temporada. Arrow sempre foi conhecida por ser uma série que emprestou alguns vilões do Batman, até mesmo para se assemelhar aquilo que havia sido entregue no cinema nos anos anteriores. Mas Diaz se diferencia tanto dos vilões de temporadas passadas que encurrala a todos de maneira brutal, a ponto de separar a equipe e isolar Oliver, tirando-lhe até mesmo do cargo de prefeito.
Com a equipe dividida, em crise com Diggle, com o FBI na sua cola e com Diaz controlando pessoas em todas as esferas da sociedade, resta a Oliver partir novamente em uma cruzada solitária na intenção de conseguir qualquer vitória sobre o seu rival, na tentativa de enfraquecê-lo. A curiosidade neste ponto da trama é que aquele que na primeira temporada fazia de tudo para prender o “Capuz”, torna-se o maior aliado e “protetor” do Arqueiro Verde: Quentin Lance. E é Quentin que divide as atenções com Diaz na reta final da temporada, tentando proteger Oliver, tentando resgatar a alma de Laurel da Terra 2, enquanto precisa cuidar de uma prefeitura e departamento de política abarrotados de funcionários corrompidos por Diaz.
Sem saída e com a vida de sua família cada vez mais em risco, nada mais resta a Oliver a não ser pedir ajuda ao FBI para salvar sua cidade e proteger seus antigos parceiros. Uma temporada que iniciou com Oliver achando que seria necessário estar perto de seu filho para protegê-lo se encerra com a solução de que a melhor saída para protegê-lo, é abrindo mão desse privilégio.
Após alguns episódios focando na história e no desenvolvimento mais profundo de alguns coadjuvantes, a série encerra sua temporada com um episódio dramático e emocional, onde Oliver assume para si a responsabilidade de proteger a todos e garantir que futuramente a cidade continue contando com seus heróis, através de pequenos gestos, como desculpar-se e reconhecer a importância de cada um para o “time Arrow”. É como se Oliver finalmente assumisse o posto que lhe cabe, de inspiração para aqueles que em algum momento abdicaram de suas vidas civis para enfrentar aqueles que falharam com sua cidade. É um instinto quase que paternal de Oliver para com seus companheiros. E é esse mesmo instinto paternal que faz Oliver vencer Diaz pela primeira vez na temporada, que faz Quentin proteger uma filha que não é sua, que faz Rene lembrar-se de quem o espera em casa e principalmente, promover uma das cenas mais emocionantes de toda a série ao colocar Quentin como o exemplo de um verdadeiro pai para Oliver, fazendo marejar os olhos daqueles que acompanham a série e o relacionamento dos dois personagens desde 2012.
A sexta temporada de Arrow estabelece a volta por cima que se iniciou na quinta temporada, trazendo a Star City o vilão mais poderoso que Oliver já enfrentou. Fica ainda a promessa de que a sétima temporada deve imputar novo acerto de contas entre Laurel e Ricardo Diaz, que deverá estar acompanhado do grupo criminoso Longbow Hunters, além de permitir que o roteiro do filme descartado do Arqueiro Verde possa ser aproveitado, afinal, agora todos sabem que Oliver Queen é o Arqueiro Verde.
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