O Aquaman tem sido motivo de piadas da atual geração de consumidores do audiovisual. Quase sempre um personagem secundário em animações, o personagem serviu de chacota em séries como The Big Bang Theory e nas vinhetas do Cartoon Network. Tudo começou a mudar com o lançamento de Os Novos 52 (2011), fase das HQs da DC Comics que trouxe uma nova abordagem para o personagem, e o mérito é todo do escritor Geoff Johns e do desenhista brasileiro Ivan Reis.
A partir desta abordagem, o “Rei dos Mares” passou a ser mais respeitado, seja em animações da DC Comics ou no cinema. A ousada escolha de Jason Momoa é responsabilidade de Zack Snyder, que viu no havaiano a representação perfeita de um personagem forte, desleixado, quase um brucutu por assim dizer. O que era receio de alguns ganhou a admiração de muitos outros em Liga da Justiça, com um personagem engraçado e totalmente badass. Com o desligamento de Snyder do universo cinematográfico da DC, criou-se a dúvida se tudo aquilo já feito teria prosseguimento, se não teríamos novos reboots já que filmes anunciados como Flash, Cyborg e Liga da Justiça 2 foram jogados no limbo.
Mas Aquaman manteve-se firme e forte, sem ligar para boatos que circulavam nas redes sociais, James Wan tocou o projeto com calma e tranquilidade que outros diretores não tiveram em projetos da DC Comics. E isso pode ser visto em tela com um filme completamente bem resolvido, com bons personagens, uma história fechada e um design absurdamente encantador.
O desenvolvimento dos personagens é satisfatório. Mesclando cenas de flashback com o presente, James Wan mostra a origem de Arthur sem tomar muito tempo do filme, com transições que brincam com o posicionamento dos personagens em tela. Simples, mas criativo e eficaz. A motivação do Arraia Negra (Yahya Abdul-Mateen II) em acabar com Aquaman tem ligação direta com a sua origem, permitindo que o espectador crie uma estranha empatia com o vilão. Embora não seja o principal antagonista do filme, seu caminho é muito bem pavimentado para o futuro. Uma pena, pois seria interessante ver mais do personagem, mas completamente compreensível ao pensar que a Warner e a DC Comics precisam colocar a casa em ordem antes de darem passos maiores que a perna.
Quem rouba a cena sempre que aparece é Mera (Amber Heard), sua química com Arthur (Jason Momoa) é estranha mas funciona. Sempre bela, a personagem não é uma princesa indefesa, pelo contrário, sua atuação é determinante para o desenrolar da trama e para dar um norte ao nosso herói.
É interessante que todos os personagens tenham seus arcos fechados, de Thomas Curry (Temuera Morrison) a Orm (Patrick Wilson), existe uma origem, um desenvolvimento e a conclusão da história dos personagens. E isso permite que o filme tenha uma história fechada, há uma pequena menção a Liga da Justiça para situar o espectador que o filme se passa após a luta contra o Lobo da Estepe, mas nada além disso. E não há necessidade alguma, todos conhecem a Liga da Justiça, e somente uma ameaça muito grande justifica agrupar serem que são considerados semi-deuses. Ao focar em um filme com uma história fechada, James Wan ainda consegue deixar pontas soltas para produções futuras, mas que permitem criar histórias completamente novas ao invés de reciclar a mesma trama.
E se Liga da Justiça foi um filme duramente (e justamente) criticado por conta de seu design e efeitos especiais estapafúrdios, o mesmo não pode se dizer de Aquaman. Do rejuvenescimento de alguns personagens a Atlântida, James Wan criou um mundo que só pode ser comparado ao trabalho de James Cameron em Avatar, uma Pandora oceânica com civilizações, tecnologia, e uma fauna e flora que preenche cada centímetro de tela com um deslumbramento visual único.
Grandioso, eloquente e visualmente fantástico, Aquaman é seguramente o melhor filme baseado em quadrinhos da DC Comics ao lado de Mulher-Maravilha, desde o início da era Zack Snyder. Bem-vinda ao jogo DC Comics, agora vai!
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