Recebemos da editora Belas Letras, de Caxias do Sul (RS), um exemplar do livro Amy Winehouse: Mais Forte que Ela. Além de se tratar de uma edição muito bonita visualmente, toda colorida e com muitas e belíssimas ilustrações, o texto é bem curtinho e fácil de ler, tanto que você pode percorrer todas as 140 páginas em um único dia e nem se dar conta de que terminou.
Amy Winehouse: Mais Forte que Ela foi originalmente publicado em espanhol pela editora Lunwerg. A produtora musical, jornalista e designer gráfica Susana Monteagudo assina os textos, e a ilustradora María Bueno, que adota o nome artístico de Pezones Revueltos (Mamilos Revoltados) é responsável pelas ilustrações. A versão brasileira foi traduzida por Lucas Reis Gonçalves.
Amy Winehouse: Mais Forte que Ela traça uma biografia da cantora a partir de seu nascimento até o momento de sua morte, discutindo um pouco também seu legado para a música. Apesar disso, o texto não aprofunda qualquer detalhe da vida de Amy, passando por todas essas diversas fases da vida e da carreira dela bem rapidamente, como se quisesse nos apresentar a ela por meio de flashes e lembranças de alguém muito próximo.
![Dica de livro | Amy Winehouse: Mais Forte que Ela 1 Amy Winehouse](https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/81njzjs-iqL.jpg)
É nessa linguagem mais simples que se vê o grande atrativo do livro. Biografias em geral tendem a fazer um destes dois caminhos: serem técnicas demais e despertarem pouca emoção; ou exagerar demais as qualidades do biografado, por vezes pintando um retrato inverídico. Amy Winehouse: Mais Forte que Ela opta justamente por se desviar disso, buscando a verdade com uma linguagem quase ficcional, que encanta o leitor sem ficar “babando o ovo” gratuitamente.
Amy Winehouse, como já falamos aqui, foi um dos maiores nomes da música na primeira década deste século. Furacão Amy, como também ficou conhecida, será para sempre lembrada não apenas pela genialidade musical, mas também pelas inúmeras polêmicas em que se envolveu, até sua trágica morte em 2011, vítima de problemas de saúde decorrentes de seu vício em álcool e drogas.
No livro, descobrimos um pouco de suas influências, seus gostos musicais e histórias de sua vida contadas por ela mesma ou por pessoas próximas. É interessante essa perspectiva mais intimista, pois ao longo das páginas vamos descobrindo uma Amy profundamente humana e sensível, quase como se ela estivesse na nossa frente falando de si mesma, desfazendo aquela imagem tão associada a ela de uma pessoa acabada e doente.
![Dica de livro | Amy Winehouse: Mais Forte que Ela 2 Amy Winehouse](https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/81TPVu1jGpL.jpg)
Há destaque a diversas frases ditas por ela em inúmeros documentários e entrevistas (e a extensa bibliografia ao final mostra o quanto a autora pesquisou a vida dela), além de listas de músicas favoritas, declarações de familiares e amigos e análises das canções de seus discos.
O título Amy Winehouse: Mais Forte que Ela faz referência à primeira canção de seu álbum de estreia, Stronger Than Me, na qual o eu lírico feminino conversa com um homem dizendo o quanto ele deveria ser mais forte que ela, quase uma discussão sobre o papel do homem e da mulher em um relacionamento, chamando-o de “afeminado”. A canção até nem é muito bem vista hoje, mas a autora lembra que Amy, apesar da mulher de destaque que se tornou, não era simpatizante dos ideais feministas, embora estejamos falando de uma outra época, ainda que não tão distante. Sua arte era muito alimentada pelo estereótipo da mulher que sofre pelo amor de homens que não se corrigem.
Frank, o primeiro álbum da cantora, é não apenas uma referência a um de seus cantores favoritos, Frank Sinatra, mas também uma de suas características mais marcantes: ser franca. A vida toda, Amy viveu intensamente sua arte e nunca se curvou a qualquer exigência de produtores, estúdios, e nem mesmo às pessoas mais próximas. Foi assim que ela se perpetuou na história da música e é assim que o livro a retrata.
Por fim, Amy Winehouse: Mais Forte que Ela é um livro muito bom, que vai te deixar saudoso dessa grande cantora que ela foi, ou curioso para ouvir e refletir sobre sua música. Com um apelo visual belíssimo, mas sobretudo com uma escrita muito fluida e fácil de ler, com certeza você vai se encantar.
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Achei bem massa a resenha. Bem completa. =]
Sei que não sou um especialista em Amy, mas, pelo que investiguei pelo livro, a questão desse estereótipo comentado no texto é bastante trabalhado por ela ao longo da carreira e da vida. Talvez Amy não fosse uma representante de causas feministas, mas é evidente que trata dos problemas que dizem respeito a elas. “Stronger than me”, como muitas outras músicas dela, acaba revelando um sintoma de relações familiares e sociais complexas. “What Is It About Men”, outra composição da cantora, evidencia um pouco isso.
Enfim, é só pra colocar lenha no debate.
Achei bem tri o texto.
Abraço!
Olá, Lucas, obrigado pelo elogio.
Parabéns pela tradução também, o livro está excelente e a leitura é muito prazerosa.
Sobre o que você falou, achei também curioso como uma mulher como ela, tão “à frente do seu tempo”, poderia se definir como não feminista, mas acho que isso só reforça na verdade a ideia de que o “lugar da mulher” é onde ela quiser. Amy é um desses símbolos da paixão pela arte que vai além de qualquer pensamento racional.
Não posso dizer que sou a favor desse estilo de vida de excessos que ela levou, mas me lembro muito de um editorial da época a chamando de “a última romântica”, e nunca consigo deixar de pensar que o personagem que ela montou para sobreviver nesse mundo pesou muito pra ela. Será que um dia teremos uma nova Amy?
Enfim, obrigado pelas palavras!