Difícil encontrar alguém que nunca tenha ouvido falar de Aladdin e o gênio da lâmpada. Além de o filme de 1992 ter sido um dos grandes clássicos da Disney, há uma infinidade de livros e outros materiais baseados na história do pobre malandro que tira a sorte grande e encontra um gênio para realizar todos os seus desejos.
A maioria dessas adaptações é voltada ao público infantil, mas a versão original dela não tem nada de inocente, e se você quiser desfrutar dessa leitura, o livro tem uma edição traduzida direto do árabe para o português, pelo professor da USP Mamede Mustafa Jarouche, na coleção Livro das Mil e Uma Noites, que conta com 4 volumes.
As narrativas presentes na coleção não têm um autor conhecido, mas foram repassadas de geração em geração por séculos, e reúnem, como os contos dos Irmãos Grimm, toda uma cultura popular da contação de histórias. Deve-se ressaltar que há uma polêmica em torno da história, pois há uma grande desconfiança de que ela não faça parte da versão original de Mil e Uma Noites, mas isso é assunto pra outro texto.
As mil e uma noites, na verdade, começam quando o sultão Xahriar descobre a traição de sua esposa e decide, por isso, matá-la. Na busca de conhecer se existe alguém mais infeliz que ele no mundo, ele acaba constatando que ninguém pode conter as mulheres e assim decide se casar toda a noite com uma, para no dia seguinte matá-la, garantindo, dessa forma, que nunca mais será traído.
Dentro de seu reino, todas as mulheres e famílias se desesperam, esperando quais seriam as próximas, mas uma jovem mais corajosa se oferece para casar com o sultão e resolver a situação: Sherazade, ou Xerazade, filha do vizir mais importante do reino, uma moça com grande cultura e inteligência. O plano dela é arriscado, mas simples: ela pretende toda a noite contar uma história ao sultão, sem, no entanto, revelar o final, o que deixaria Xahriar curioso e a pouparia até o dia seguinte. Dessa forma, noite após noite (e durante mil e uma noites) ela vai prolongando a sua vida e ensinando ao rei que ele não precisa desconfiar de todas as mulheres só porque uma o traiu.
Dentre essas histórias, encontra-se Aladdin e a Lâmpada Mágica, que começa de uma forma muito parecida com o clássico da Disney, com o personagem principal, Aladdin, um menino de bom coração mas que vive pelas ruas praticando pequenos delitos. A diferença é que na história original Aladdin tem um pai, um alfaiate, e uma mãe, e justamente o desgosto de ver o filho vagabundo pelas ruas acaba por matar o pai.
Aladdin fica triste, mas não deixa de sair todos os dias e voltar pra casa apenas pra comer, até que um dia um feiticeiro chega à cidade e finge ser seu tio. Lamentando a morte do “irmão” morto, o homem ensinar a Aladdin, que seria seu sobrinho, o ofício de mercador, prometendo a este muitos presentes. A condição, porém, é que Aladdin entre em uma caverna cheia de tesouros para sair de lá com uma lâmpada (sim, aquela que contém o gênio) e entregar ao feiticeiro, isso sem poder levar nada que estiver lá dentro.
O rapaz cumpre a sua tarefa, mas algo dá errado e ele fica preso na caverna. O feiticeiro, acreditando que Aladdin jamais poderia sobreviver sozinho lá (ainda não sabendo o que a lâmpada carregava) fecha todas as saídas e vai embora. Mas Aladdin descobre que pode pedir ajuda ao gênio de um anel dado a ele pelo próprio feiticeiro.
Quando sai, ele vai correndo para a casa pedir ajuda à mãe. Conta a ela toda a verdade sobre o suposto tio e os dois decidem que poderiam conseguir algum dinheiro com aquela lâmpada velha, que parecia ser feita de um material valioso. Ao tentar lavar a lâmpada para deixar com uma aparência melhor, a mãe de Aladdin a esfrega e de dentro sai o gênio pronto para atender a qualquer demanda de quem o chamou.
A mãe leva um susto com aquela visão e desmaia, e o jovem pede que o gênio lhe traga a melhor refeição possível, pois os dois estão morrendo de fome. Diferentemente do gênio do filme, o da história original não tem um número limitado de desejos, quem quer que possua a lâmpada pode pedir o que quiser e quantas vezes quiser.
Percebendo isso, Aladdin monta um plano para se casar com a filha do sultão, a quem ele viu uma vez e se sentiu imediatamente apaixonado. Ele pede que a mãe vá ao palácio acertar o seu casamento, levando os presentes mais inimagináveis, graças ao gênio.
O sultão aceita realizar o casamento em três meses, mas antes disso, a mãe de Aladdin descobre que a princesa já estava de casamento marcado com o filho do grão-vizir. A cerimônia chega a ser realizada, mas Aladdin pede ao gênio que todas as noites sequestre o casal e os separe, de maneira que eles nunca conseguem consumar a união. Diante disso, o sultão anula o casamento e cede a mão de sua filha a Aladdin, que com a ajuda do gênio constrói um palácio suntuoso em frente ao do sultão.
Aladdin se casa e vive feliz, pois consegue tudo o que precisa com o gênio. O reino todo respeita e gosta muito do rapaz, que além de tudo é generoso e distribui dinheiro aos mais pobres, mas volta a atormentá-lo o tal feiticeiro que o abandonou na caverna, que diante da fama obtida pelo jovem, fica sabendo que ele sobreviveu à caverna.
O homem consegue com uma estratégia muito ardilosa roubar a lâmpada e pedir ao gênio para transportar todo o palácio, com tudo o que há dentro, para a África, mas ele não é mais esperto que Aladdin, que termina por matar o feiticeiro e retomar a lâmpada, colocando o palácio no lugar novamente.
E a história não acaba aí: o irmão do feiticeiro, ao ficar sabendo de tudo, decide se vingar, e tenta matar Aladdin fingindo ser uma velhinha que realizava milagres e era conhecida de todos na cidade. Mas o rapaz, como sempre ajudado pelo gênio, descobre tudo e consegue se safar, matando o homem e vivendo dali em diante feliz ao lado da amada, sem ninguém mais para o ameaçar.
Lógico que Xerazade vai revelando cada episódio de uma forma muito peculiar e criando o interesse no leitor, mas perceba como cada adaptação da história opta por mostrar certos detalhes e outros não.
Em 2019, tivemos mais uma adaptação da história, dessa vez em formato live-action. Quer saber o que achamos? Clique aqui e inscreva-se também no nosso canal do YouTube.
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