Criada por Nathaniel Halpern, Tales From The Loop estreou na Amazon Prime Video em 3 de abril de 2020, baseada nas imagens digitais futuristas do artista, músico e designer sueco, Simon Stålenhag, que por sua vez mistura o cenário rural da Suécia com o de filmes sci-fi, criando uma ficção científica. A série, porém, vai muito além do tema e trabalha com sentimentos humanos de uma maneira muito sensível.
A história acontece nos anos 80, na cidade de Mercer em Ohio, Estados Unidos, e mistura um pouco de Twilight Zone, contando várias histórias e Stranger Things, com acontecimentos sobrenaturais. Por outro lado, diferente dessa última série, é difícil identificar a época em que se passa, percebendo apenas que tanto os móveis como as roupas tem um aspecto antigo.
Os moradores da cidade convivem com a tecnologia, que para nós parece ultrapassada comparada à de hoje em dia, consideraríamos como futurista. Por esse motivo, observamos que é normal encontrar nas paisagens partes dessa tecnologia, já abandonada, enferrujada ou aparentemente danificada. Nessa cidadezinha fria existe ainda o Loop, espécie de empresa que realiza experimentos científicos a partir de uma grande esfera composta de pedaços de um material misterioso.
O local é responsável por empregar grande parte dos habitantes e tudo parece girar em seu entorno. O Loop por sua vez, influencia a vida das pessoas de outra maneira, que não essa prática, mas silenciosamente, gerando acontecimentos sobrenaturais: como fazer pessoas desaparecerem, parar o tempo, criar universos paralelos, sem que exista uma preocupação maior dos personagens para entender tais fenômenos.
Nós telespectadores também não temos explicações, devemos nos contentar em apenas aceitar e nos deixar levar, entendendo que tudo está relacionado ao Loop, e ir muito além disso ultrapassa as expectativas do próprio criador da série, que parece mais interessado em explorar outros aspectos, como é o caso dos personagens.
Essa é, portanto, uma ficção científica bem diferente do que estamos acostumados e por esse motivo talvez exista uma estranheza ao assistir pela primeira vez. Não existem grandes cenas de ação, tiroteio, guerra entre robôs, e sim as discussões comuns a qualquer ser humano, em especial a solidão e a morte. Um ponto em comum parece ser exatamente a busca de conexões entre os personagens, seja por meio de um romance, amizade ou com a própria família.
Ao todo são 8 episódios, sendo que apesar de cada um contar uma história do ponto de vista de um morador da cidade, sua vida, seus sentimentos e características, uma ação pode influenciar uma outra, ou um personagem influencia a vida de um outro de outra história. Por se tratar de uma cidade pequena, podemos perceber que essa influência faz todo sentido.
Assim como todo episódio conta uma história diferente, cada um deles foi comandado por um diretor diferente também, contando com alguns nomes conhecidos, como Mark Romanek no primeiro episódio, Andrew Stanton (Wall-E) no episódio quatro e Jodie Foster no último episódio. Já o elenco conta com Rebecca Hall (Homem de Ferro 3), Jonathan Pryce (Dois Papas) e Paul Schneider (Parks and Recreation), e as atuações são de fato maravilhosas, apesar de serem personagens simples, quase cotidianos, como se pudéssemos reconhecê-los em nossos vizinhos e amigos.
Assim como o Loop reúne diversos fragmentos de matéria, com potencial para mudar os destinos e o dia-a-dia da cidade, a série também reúne em seus episódios pequenas histórias que se interligam e podem mudar umas às outras através de uma trama sutil, delicada, embalada por uma trilha sonora leve e imagens de uma beleza intrigante. A sensação é quase como a de ler uma poesia cheia de melancolia ou observar um belo quadro.
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