A Sereia: Lago dos Mortos é um terror russo dirigido por Svyatoslav Podgayevskiy (A Noiva) que adapta uma versão russo do mito da sereia. Segundo o mito, mulheres solteiras que se afogavam em rios e lagos tornariam-se sereias demoníacas, vindo à superfície para atrair homens e tornando-os seus servos pela eternidade.
O casal de noivos Roman (Efim Petrunin) e Marina (Viktoriya Agalakova) ganham do pai de Roman, uma antiga casa de veraneio próxima a um lago. Em uma viagem com amigo para verificar a situação da casa, o jovem acaba encontrando uma estranha jovem em um lago próximo da casa e, a partir deste encontro, sua vida e daqueles que ama acabam colocadas em risco.
A partir deste momento é que a coisa começa a degringolar. O filme que se iniciou como um terror baseado em um mito folclórico insere situações confusas e completamente sem sentido, como o surgimento de uma crise de relacionamento entre o casal e uma história do passado ligando a jovem do lago ao passado da família de Roman.
Não há muito o que desenvolver no roteiro, mas o trabalho feito por Natalya Dubovaya, Ivan Kapitonov e Svyatoslav Podgaevskiy beira o caricato em certos momentos. O que deveria assustar torna-se ridículo e com pouco mais de uma hora e meia de tela, é seguro afirmar que não seria necessário mais do que um episódio de Scooby-Doo para desvendar o mistério do filme.
Com uma dublagem em inglês digna das novelas mexicanas do SBT, é recomendado não prestar atenção na fala dos personagens para não se sentir incomodado, o que permite se atentar a outros aspectos técnicos da produção. Podgayevskiy realmente cria um cenário sombrio que atende todos os requisitos para um filme de terror/suspense. Clima chuvoso, casa de madeira abandonada no meio da floresta, lago sempre coberto de névoa e alguns jump scares que iludem o espectador em alguns momentos fazendo-o crer que se trata realmente de um filme de terror.
Filme de sereia sem a sereia é golpe!
Normalmente a sereia é uma figura marinha dotada de beleza e metade do corpo coberto de escamas e uma cauda. Esqueça tudo isso, a sereia do título é uma jovem amaldiçoada ligada ao lago, e apenas por isso é tratada como uma sereia, por “viver” na água.
Se Sofia Shidlovskaya não convence como a sereia do título, o roteiro também não contribui para que os momentos de flashback que explicam a origem de sua maldição façam algum sentido.
E se Roman é incapaz de se livrar da maldição da sereia sozinho, cabe a sua noiva Marina e sua irmã Olga livrarem o jovem do mal que assola sua família há anos. Reviravoltas são criadas apenas para produzir desfechos à personagens que foram essenciais para o desenvolvimento da trama, mas que parecem não ter tanta importância assim.
Se focasse apenas na ligação da sereia com o passado da família de Roman, existiria um fio de esperança para a produção por existir ali um plot interessante a ser explorado, mas tudo é deixado de lado para abordar rituais de livramento, situações absurdas (como um carro inundado no meio da floresta) e dramas de personagens sem camadas, o filme joga tudo pro alto para se tornar uma mistureba de trash, suspense e terror digno de um filme que anos atrás iria direto para a prateleira das locadoras.
Com uma história sem sentido e atuações novelescas, A Sereia: Lago dos Mortos é um filme que falha como terror, tentando se levar a sério e falhando miseravelmente ao criar inúmeras reviravoltas e ignorar situações óbvias que diminuiriam o tempo da produção, tornando-a assim mais tragável ao seu espectador.
O peixe morreu mesmo pela boca, nesse caso, a sereia!
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