Mulan é um dos grandes clássicos da Disney e agora, assim como todos os grandes clássicos do estúdio, vai ganhar uma versão live-action. É de conhecimento geral que os produtores da Disney há muito tempo tiram inspiração de histórias conhecidas para produzir suas animações. Não apenas isso, mas filtram algo da cultura local dos países onde chegam (vide Zé Carioca, criado em 1942) para demonstrar identificação e simpatia com os lugares (nada a ver com dinheiro, pode acreditar).
Não é de hoje, inclusive, que eles vão buscar essas histórias em livros e contos tradicionais de outros países, uma forma de agradar aos públicos mais distintos e, ao mesmo tempo, manter a sua hegemonia como a maior fábrica de conteúdo infantil do mundo. Lembrando de tudo isso, e aproveitando que a estreia da versão live-action de Mulan está pra chegar, vamos conhecer um pouco da verdadeira história da guerreira chinesa que se disfarça de homem para lutar na guerra.
A narrativa original na qual a personagem aparece é uma canção muito antiga, repassada oralmente de geração em geração e compilada tardiamente. O contexto propriamente não fica claro, mas trata-se de uma das inúmeras guerras pelas quais a China passou até se tornar o país que conhecemos hoje.
Na canção, não há um grande desenvolvimento da personagem, apenas a menção de que ela estava em casa tecendo quando foi informada da iminência de chamarem o seu pai à guerra. O pai estava velho e doente, e o irmão de Mulan era muito jovem, então ela decide ir sozinha, partindo para o local onde a guerra acontecia.
No texto, não temos contato com a parte do treinamento de Mulan (aquela em que eles cantam “Homem ser”, ou “I’ll make a man out of you”), ou nem mesmo se ela teve algum treinamento, só ficamos sabendo que ela chegou ao local e lutou com bravura e inteligência, conquistando muitas vitórias ao longo de mais de dez anos de luta.
O texto não dá detalhes dessas lutas, só exalta a inteligência dela e a coragem de enfrentar as batalhas, indicando que ela se destacou bastante. Ao final, tal como ocorre na animação, o Imperador a oferece as mais altas honrarias e um cargo no governo, mas o que Mulan deseja mesmo é voltar para casa.
Ela pede um cavalo veloz e, quando chega em sua terra natal, toda sua família está a esperando. Mulan tira as roupas militares e se veste novamente com roupas femininas, para a surpresa de seus companheiros de batalha, que só então viram que ela era uma mulher.
Mulan, ao reparar na surpresa, declara que “As patas da lebre macho levantam-se e saltam, o olhar da lebre fêmea é sombrio e esquivo. Duas lebres saltam lado a lado, perto do chão, quem pode dizer qual é ela ou qual é ele?”, sugerindo assim que as mulheres têm a mesma força que os homens.
A Disney procurou fazer essa nova versão um pouco mais próxima da realidade do poema. Por isso, foram retiradas as canções que fizeram tanto sucesso na animação (afinal, de fato, durante a guerra ninguém vai ter tempo pra cantar). Os trailers sugerem, inclusive, que a história é um pouco mais séria do que a versão animada, além de os personagens que serviam como alívio cômico (como Mushu) terem sido cortados. E o elenco também é todo composto por asiáticos ou descendentes.
Trata-se mais de uma lenda do que uma história propriamente documentada, pois as versões conhecidas hoje divergem em alguns pontos, além de não permitirem saber se a personagem realmente existiu.A intenção da história é falar da força feminina em um país profundamente machista, onde inclusive muitas meninas foram mortas ou abandonadas durante a vigência da política do filho único (episódio recente da história do país).
Pra você, que assim como nós está ansioso(a) pela estreia, o filme chega aos cinemas em 26 de março deste ano, e, apesar de alguns pontos não terem agradados a maioria dos fãs (principalmente a ausência de músicas), promete ser um grande épico.
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